Ela caminhava a beira da praia, o sal temperava as feridas dos pés, mas ela sentia dor, estava extasiada, podia dizer-se feliz, o sol incidia diretamente à sua face, como que para propositalmente queimar todo o resto de verdade que insistia em manter em sua vida. Resolveu correr, pois gostava de sentir seus dreads balançarem com o vento - afinal essa foi a unica mudança de que não se arrependeu, os belos cabelos, só que isso agora não era mais tão importante, já que perdera tudo, na verdade nunca foi - e consequentemente se molhou, a água lavou-lhe o sangue que escorria. Como uma átimo o mundo silenciou, ela caiu, havia perdido suas forças. O silencio permaneceu, ela havia adormecido.
Não queria acordar, no entanto a maré fria, devido ao anoitecer, a despertou. O frio se apresentou imediatamente, ela olhou ao redor e observou o deserto urbano carioca. Não havia carros ou pessoas, a luz do poste se confundia com a da lua cheia. Somente ela e a infinidade marítima. Já não estava mais feliz, os machucados doíam, não conseguia caminhar. Entre as vinte horas que esteve foragida, este foi o primeiro momento que sentiu saudade, da companhia, do plural, do calor e do cuidado - ela desejou tanto naquele instante - que a ambos faltava naquela noite.
Ela, que sempre quis ter uma curta existência, ao modo de Vinicius, e de seu maior ídolo: Cazuza. E ele, repleto de sonhos planejados para a velhice. Os planos se inverteram na realidade, ele se foi, teve uma pequena passagem, e ela teria que viver até os últimos anos, até a velhice. Ela só conseguia ouvir o tiro disparado, o grito de Fernando que ecoava por todos os cantos: "Manuela".
Ela o procurava, buscava sua voz, buscava salva-lo. Ele que a alertava todos os dias foi a primeira vitima daquele vicio. A droga a estava matando aos poucos, entretanto matou-o instantaneamente, rápido, bastou um segundo: eles corriam, ele estava com o motivo que o levaram até ali, a substancia que os acalmaria dali a um quarteirão. Todavia, ela caiu, os donos da cocaína vinham logo atrás. Fernando parou e se virou. Voltaria? É claro, se não fosse a bala que lhe ultrapassou a testa. Manu se escondeu até chegar à praia.
Se iniciou em uma mentira, de leve, um trabalho na escola, foi o que ambos afirmaram a mãe. Talvez, se o tivesse escutado, ou ao menos deixado permanecer em casa, afinal de contas, ele era seu irmão mais novo; ela é quem deveria ser o exemplo. Talvez, deste modo, ela não teria falhado novamente e a mentira não seria agora uma lembrança tão amarga. Contudo, não obstante, Fe e Manu, sempre se acostumaram a ter tudo e por isso lhes foi tirado tudo.
Manuela não suportaria voltar à vida, realmente não pretendia chegar à velhice. Chorou, na verdade ela nunca foi uma boa pessoa, sua mentira a levou a loucura, ela só queria poupar o mundo. Sorriu, duas lagrimas adoçaram seus lábios, se arrastou ao mar, o mundo silenciou novamente, e como era terno este silencio, perpetuo.
No noticiário do dia seguinte o caos. A culpa sobrecai aos traficantes, mataram dois jovens ricos, bala perdida? Sequestro? Fernando recebeu um belo enterro, se é que isso pode ser uma vantagem, Manuela nunca foi encontrada.
Texto criado por Giselle Duarte Maia, minha irmã.
Pauta para o blorkutando. Não sei bem se ficou dentro do tema, pois não foquei na mentira, mas na sua consequência. Explicando o titulo: o que restava, eram o últimos dias dela, a vida., e o que não tinha era a vida dele.(Criatividade da Any).
3 comentários:
adoorei meeu títuulo *--*
adoreei a footo qe eu ajudeei escolheer *--*
adoorei o texto inteiroo, parabéens gii :D
fiico mt mt bãao
Excelente texto!
lóóógico que posso visitar seu blog, muito mais comentar... mas o que me chama atenção no seu blog é justamente a maneira de escrever, que parecida com a minha ^^
Tou seguindo seu blog pra acompanhar seu trabalho, se poder me seguir também, agradeço ^^
LucasRolim
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