quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"There are two kinds of secrets: those we keep from others, and the ones we hide from ourselves."

- Frank Warren's em PostSecret.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O trigo é inútil para mim.

Um turbilhão de pensamentos tomam conta de mim. Tá na hora de crescer, de perceber que se deixar a vida te levar, um dia ela te leva pro buraco. Não vou dizer que tive sorte, mas faltava um passo para chegar lá e agora tô me equilibrando nesse precipício. Basta um sopro seu para ir ao chão. Ontem eu tava relendo aqueles textos velhos e vendo aquelas fotos antigas. Nossa, que saudade! Eu te peço, nunca me deixe(por mais que seja eu quem esteja te deixando). Me abraça forte e deixa eu chorar no teu ombro como sempre foi. Ontem nossa conversa foi tão seca, como se fossemos meros conhecidos, como se você fosse só alguém na rua querendo saber as horas(e eu sempre sem relógio). Dá vontade de chorar, dá vontade de sair correndo daqui e não precisar escolher o que fazer, de não precisar te deixar. Vem cá, me abraça e diz que apesar de aquela música não estar sendo cantada - e talvez nunca mais naquela voz - eu posso chorar. Me empresta teu ombro pra dividir minha dor, não tá cabendo só no meu peito. Eu só faço besteira. Deixei-me cativar e agora preciso te deixar ir... E toda vez que eu ver as cores do trigo me lembrarei de você. Por favor, me abraça... antes de ir.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Amor é uma coisa que acontece com os outros.

(...)Garotas não sabem ser solteiras aos domingos, e há domingos praticamente toda semana, coisa que as empurra para um relacionamento sério e duradouro.(...)
(..)Tem algo diferente nela, talvez a ausência do sorriso que você interpreta como o início de uma TPM, ou o cabelo está diferente, ou a maquiagem pouco enérgica. Ela esconde-se atrás do cardápio, da franja, da mão pequena atulhada de aneis. Até que finalmente consegue olhar pra você e bangue! Na maior caradura, dispara o que há de novo:
"Bem, eu não sei como dizer isso, senão direto ao ponto. Bem, o ponto é que chegamos a um ponto, eu pelo menos, que a gente acaba parando pra analisar o que a gente tem. O caso é que estamos saindo já faz um bom tempo e... O que está acontecendo? Tudo e nada. Tudo: nos damos super bem e nossas conversas sempre rolam legal e eu tenho um afeto enorme por você, além da parte física que, você sabe, é deliciosa e incomum. Nada: olha, acho que a gente acabou se metendo numa confusão sem tamanho e eu me sinto enfiando os pés pelas mãos. Não sei, talvez a gente deva pegar mais leve, esse lance todo tem me deixado assustada. Enfim, não sei exatamente o que quero dizer, talvez precise de um tempo pra pensar melhor nisso, um tempo pra mim, um tempo de nós. Por isso eu sumi ontem de manhã, acordei e me dei conta que já havia uma gaveta com coisas minhas na sua casa e isso me rendeu uma espécie de apneia diurna, fiquei refletindo sobre o significado disso tudo e, sei lá. Essa situação tá insustentável pra mim, ando cheia de coisas pra fazer e não sei por onde começar. Eu não queria me apaixonar agora, é isso. Acho que a gente não deveria levar tudo tão a sério."
Sério digo eu: por que as garotas fazem esse tipo de coisa? Azul é azul, vermelho é vermelho. Por que a insistência em enxergar tudo em púrpura? Por que tantos rodeios e nebulosidades onde deveriam estar andando despreocupadas com os pezinhos descalços numa traçada linha reta e nítida? Qual a vantagem de ser uma adaptação para teatro de rua dos contos da Clarice Lispector? O que eu entendi disso tudo? "Blablablá, a gente não deveria levar tudo tão a sério". O que vocês têm contra o amor correspondido?(...)
(..)"Você fala como se soubesse tudo o que eu quero. Você acha que sabe, não acha? Só que, no momento, aposto que nem se deu conta, tudo que eu quero é você."(...)
(...)Me explica. Por que tanta prolixidade, por que tantos subterfúgios, por que tantos chavões do tipo "ah-preciso-de-um-tempo-pra-pensar"? Como exatamente pensar ajudaria nesse tipo de ocasião? Estamos falando de amor e não de como monopolizar a Brigadeiro Faria Lima no Banco Imobiliário.Por que tanto auê por causa de uma gaveta? Tinha uma iguana dentro ou troço assim? E que bobagem é essa de "esse-lance-todo-tem-me-deixado-assustada"? Sou um cara bacana e não um zumbi foragido de "Tomb Raider". Pombos em praça pública ficam assustados, não garotas diante do amor. Sim, amor. Ela mesma disse, somos ótimos juntos, temos tudo em comum e muitas histórias pra compartilhar(...)
(...)Se isso não é amor, eu não sei o que é. Venha com o peito aberto, estufado e cheio de coragem. Ou vá embora. Mas depois não vem me dizer que tem coração.



Trechos de Gabito Nunes em Se isso não é amor eu não sei o que é.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nas curvas da highway.

Eu tô morrendo de vontade de chorar agora. Confesso que agora sim. Eu tô sentada na tua cama, vestindo o teu blusão e vendo a nossa primeira foto enquanto a música que você tocou pra mim no dia em que começamos a namorar soa de fundo. Não sei se ela tá na minha cabeça ou se realmente o rádio está ligado. Se eu molhar um pouco o lençol ou a nossa foto, não liga. Tô me sentindo meio seca demais por dentro, quem sabe assim melhora. Eu to desesperada. Vim pra cá, porque é meu ponto de paz. A sua mãe tá no cemitério, então não tem ninguém em casa. Eu não tive coragem de ir pra lá. Eu sei conversar com você daqui... e além do mais, aquele lugar me dá arrepios. Eu nem sei mais em que ano nós estamos, mas deu no jornal que já faz três anos desde o acidente na rodovia. Minha mãe diz que eu tenho que seguir em frente, mas eu me perdi aquele dia. Não há como seguir em frente no meu estado. Estou sem coração e sem pernas. Eu lembro que a gente tava discutindo sobre algo tão bobo que eu juro que se você ainda estivesse vivo iríamos a casa da sua mãe toda semana, você estaria livre para futebol aos domingos e, ciúmes?! Só o teu. Não chovia, muito pelo contrário o dia estava lindo. Os vidros estavam todos abertos e sei que você adorava o vento batendo nos teus cabelos. Dava uma sensação de poder. Sei que era meio de semana, porque a rodovia não estava movimentada. Sei que por isso também, você só aumentava a velocidade. E por quilômetros e quilômetros aquele chão era nosso. No começo nós dois riamos daquilo, de poder zigue-zaguear pela estrada... A música no som era alta, era contagiante. E a gente se divertia. Mas o caminho era longo, o sol saiu e até a graça daquilo acabou. Lembro que já estava um pouco escuro e que você estava cansado. Eu me ofereci, em vão, para dirigir. Você nunca deixaria ninguém dirigir o seu velho maverick preto. Garanto que eu teria causado um estrago menor. Eu acompanhava o rádio tentando te manter acordado. Não sei se a discussão começou por causa da música, pela minha insistência, pela luz forte do farol do outro carro... São tantas as opções. Sei que você se assustou e deu um pulo na hora. Eu disse que era melhor nós pararmos em algum posto e encostar para você dormir. Você insistia em não ter tempo pra isso, que era tudo frescura minha. Acho que essa foi sua última fala. Era uma curva, a gente estava distraído demais pra notar isso, estava escuro demais pra percebemos. O carro desceu aquele barranco aos capotes. Eu lembro de ter gritado e lembro de ver algumas coisas perderem o sentido. Lembro de ter chorado. Eu fui pro hospital e você morreu ali mesmo. Não sei em quanto tempo nos levaram para a cidade, não sei onde estávamos e não sei quem me deu a noticia de que você não havia sobrevivido. Eu sei que doeu, sei que foi estranho acordar em um quarto de paredes brancas e sem janelas. Sei que não conseguia me mover e sei que nossos pais já estavam ali. Sua mãe conversando com a minha, meu pai chorando... E eu sem me mover. Me tocavam e eu não sentia nada... foi ali que descobriram que ficaria paraplégica. Primeira notícia ruim. Todos saíram do quarto e uma moça de branco entrou. Me explicou que encontraram o Maverick preto amassado e duvidaram que eu pudesse estar viva. Quem dera eu tivesse morrido com você. Me contou que o que me salvou foi o fato de estar sem cinto e meu corpo ter quebrado o vidro, me fazendo voar para fora do carro. Me contou que seu corpo ficou estraçalhado entre as ferragens e teu enterro foi velado. Pronto, agora eu não precisava saber de mais nada. Tenho certeza que quase quebrei a mão dela, pois a segurei com tanta força... Olha, tua mãe chegou. Ela está de preto e acabou de me colocar na cadeira de rodas de novo. Ela insistiu para que eu fosse na fisioterapeuta. Nós vamos lá hoje. Ela disse que não tinha muita gente no cemitério hoje e que teus amigos mandaram lembranças. Posso levar a blusa comigo? Prometo que volto semana que vem e devolvo. Sinto muita saudade, essa é a verdade. Eu queria poder ter você aqui agora. Semana que vem já era pra ser a minha formatura. Lembro de fazermos tantos planos pra isso. Eu parei de estudar, você sabe. Mas estou planejando algo especial para semana que vem. Talvez a gente se encontre meu amor. Senti muito a sua falta.


Pauta para a 107ª Edição Musical do Bloínques.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Você pode se surpreender.

Chega uma hora que você não sabe o que tá mais bagunçado: seu quarto, seu cabelo, ou a sua vida.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012