quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Diário dos dias sem você

 Dia 1:

Parece que eu tô tentando ocupar 100% do meu tempo para não precisar pensar sobre isso.

Dia 2: 

Mas quando eu paro pra pensar, vejo que você tem razão. Comecei a perceber que eu tô me perdendo no nosso relacionamento e vivendo em função dele, deixando de lado quem eu sou. Sobre querer estar sempre na sua casa, percebi que na verdade eu nem sempre quero, mas como passou a fazer parte de uma parte óbvia, passei a fazer sem me questionar.

Dia 3:

Nesses dais percebi que eu tenho uma necessidade de dividir meu dia com alguém. Na maior parte do tempo é com você, e por evitar te procurar esses dias, pensei em dividir com outra pessoa, como minha mãe ou alguma amiga, e foi assim que percebi essa necessidade. E depois fui ler umas coisas antigas que escrevia, e percebi que tenho essa necessidade desde sempre. Comecei a escrever por necessidade de falar e não saber com quem, então falava com meus textos, com o blog, comigo mesma talvez. Quem sabe isso seja uma coisa boa para recuperar, extravasar minha carência ou não sei como chamar isso, comigo mesma, pra me lembrar que eu dou conta.

Dia 5:

Já não tão mais sem você assim, e acredito que por isso não anotei nada no dia 4. Mas hoje você falou sobre me mudar pra outro lugar. E faz uma hora que meu coração tá inquieto e tô com uma sensação estranha na garganta, como se fosse passar mal. Tudo isso por uma expectativa que criei e agora mudar esses planos me soa estranho demais e me machuca internamente a sugestão de não segui-los ou de adia-los por tanto tempo. Você mexe DEMAIS comigo. Não consigo me focar no que gostaria de estar fazendo, porque todo o meu corpo pensa que eu tô sendo adiada, que estou adiando o nosso compromisso, que você não quer mais, que isso é uma enrolação ou algo assim. E aí lembro que isso precisa servir para que eu possa pensar na nossa relação também, nas partes que eu consigo controlar dela, em mim dentro da relação. Lembrar de não ter pressa e me amar também.