quarta-feira, 15 de junho de 2011

Carta para mim mesmo, em um futuro nem tão distante.

14/06/2011 

Querida Fuve,

  Espero que essa carta te encontre bem. Na verdade, espero só que ela te encontre. É claro que você estar bem faz parte do pacote, não bem em si, totalmente. Mas viva ao menos. 10 anos é muita coisa. Como será que anda o teu humor? Como será que anda aquele sorriso bonito? Será que você ainda escreve? Passar algumas tardes vagas num blog, aos quinze anos é fácil, mas e agora? Não me surpreenderia se as frustrações tivessem tomado conta de você, afinal sempre fomos bem revoltadas. Esse tempo, essa vida, devem ter feito algum estrago em seu espirito. Mas espero que continue sempre com sua essência. 
  Os sonhos de hoje, devem ter dado lugar a coisas novas, a atual paranoia com faculdade deve ter se acabado e hoje até formada você deve estar. Até as pessoas, as companhias devem ter mudado. Quem hoje, eu tanto lutei pra manter perto, deve ter partido por acaso do destino. Mas pelo mesmo acaso surgiram-se novas faces que estão ao teu lado. É impossível evitar. As coisas vão simplesmente acontecendo. Há quem nos decepcionou, mas há aqueles que nós ofendemos, que não havia como não magoar. Esses atos ainda devem doer em você, tão solene. 
  E há os mortos. 
  Aqueles que amamos e que fizemos felizes. Pessoas que fizeram parte da nossa jornada, que te fez crescer, que nos viu crescer. E agora, justamente quando era necessário, - depois de crescida, mas não tão madura - não estão mais por aqui. Sabíamos que isso iria acontecer, mas não ajuda em muita coisa. Posso imaginar como se sente(ou não saber mais dos teus sentimentos.). Diante desse vazio, não deve restar muito a fazer. Mas não deixe a vida passar. Por incrível que pareça, ainda deve existir muito pela frente.
  E os amores? Você ainda é capaz de se apaixonar? Ainda leva no peito aquele primeiro amor, que fez o coração bater forte? Ou deixou de acreditar nessas besteiras e viu que a vida ia muito além de namoricos adolescentes. Não seria o amor, no seu ponto de vista, um capricho tipico de quem, por estar distante da morte, ainda vive a ilusão da eternidade? Será que você já achou teu par, e tem uma história tão bonita quanto as cantadas pelo Renato Russo? 
  E as músicas? Ah, essas não serão nem discutidas.Mas por favor, continue escutando Legião e Cazuza. Não deixe que o mal do século a domine. 
  É bem provável que tudo aconteça ao contrario. Mas que o destino não lhe deixe cair em iras erradas, e que pelo menos essa carta lhe encontre. Estou confusa, e esse é o real motivo de lhe escrever. No fundo, eu só quero que isso te alcance, e que você me leia com alguma compaixão, se lembrando vagamente da época de escola, e os vagos 15 anos. Que desperdício de palavras, dirá você. Ou diria eu. Mas no fim das contas, eu quero que encontre esses rabiscos mal escritos, e com um sorriso no rosto, grite para o comodo vizinho - nem que ele esteja vazio, mas por favor, ao menos sorria - : vem cá, querido. Vem ver o que achei na gaveta. Dá pra acreditar nisso? 

Milhões de beijos, Flávia.




Pauta para 47ª Edição Cartas do Bloínques.

2 comentários:

Tempestade disse...

Com certeza o sorriso estará mais bonito, as escritas muito melhores devido à experiência e pq não dizer, vc vai ter escrito até um livro? rs

Ficou ótima a carta, acho que você vai gostar de ler daqui a 10 anos. Guarde-a com carinho.

bjokas

Nina

Anônimo disse...

Arrepiei. Linda sua carta! Vou escrever uma pra mim tb... Abç Thaís Ribeiro