- Eu te disse que se ele não voltasse pra mim, queria ele morto.
- Acha que eu seria capaz de matar meu melhor amigo? Nem pelo prazer de estar com você. Só fiz isso tudo pelo sexo.
Então era isso? Os dois estiveram juntos esse tempo todo tentando fazer com que eu voltasse para Mirela. Rodrigo sabia que eu a amava, mas nunca voltaria pra ela. Ele me queria morto. Neste instante já havia desistido de lutar contra a cadeira, e deixava lágrimas caírem pelo meu rosto. De raiva ou dor talvez.
- Me de uma segunda chance.
- Nem com cem chances você conseguiria.
Ouviu-se o gatilho da arma sendo puxado. O silêncio agora era forte. A respiração dele era notável. Ela dá alguns pra trás, e atira. De olhos fechados e tremendo. Joga a arma no chão e sai correndo. Rodrigo caiu no chão no mesmo instante, o sangue da cabeça manchava todo o chão. Não sabia o que sentir. Minhas mãos foram soltas da cadeira e eu nem havia percebido. Uma voz sai de algum lugar da sala:
- Esse era seu melhor amigo? Ela já foi sua namorada? Você precisa mudar suas companhias, Pedro. Na mesa do seu lado tem a arma que Mirela usou para matar Rodrigo. Você é digno de usá-la para matá-la?
O sentimento de vingança tomava conta de mim. E de repente eu sorria. Um sorriso maligno formou em meu rosto. Então era isso? Rodrigo passou um ano me ouvindo, para ajudar Mirela a me ter de volta, quando tudo que ele queria, era o prazer de estar com ela. Sabendo que ela não me teria, ele me mataria pois foi o acordo deles. Não sendo capaz de encostar as mãos repugnantes dele em mim, ele morre. Apesar de assustadora, essa informação era a única que fazia sentido. Até porque, pra quem acorda em uma sala desconhecida, amarrado a uma cadeira de ferro, com videos e vozes estranhas, nada parece ter sentido. A única coisa que parecia fazer sentido, era o meu desejo de matar Mirela.
Pauta para 90ª Edição Conto/História do Bloínques.
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