quarta-feira, 22 de junho de 2011

Surdez fatal.

Lembram de um texto que eu postei uma vez aqui? Não?! Então dá uma olhada lá. Conta a "história" de um acidente de carro, mas pela visão do pai. Dessa vez, vou mostrar a do filho.


 Ele estava na escola, com um dia que chamaria de normal. Dylan era diferente dos outros garotos. Enquanto os meninos de cinco anos sonhavam em virar astronauta, Dylan sonhava em ser surdo. Às vezes até se acostumava com a ideia, que acabava achando que realizara teu sonho. Já era a quinta vez no mês que seu pai era chamado na diretoria.
 - O que houve?
 - Seu filho está fingindo ser surdo. E existe um garoto na sala dele, que é realmente surdo de nascença, e acha que Dylan está zombando da cara dele. 
 - Hey Dylan, já conversamos sobre isso. Nós sabemos que você não é surdo, mas gostaria de ser. - Pegou o pequeno no colo, e olhando para o diretor disse - Ele não faz por mal.
 - Os pais do garoto querem que peçam desculpas ao filho dele.
Dylan não falava nada, apenas consentia as falas do pai com a cabeça. Saíram da escola sem nenhum sentimento de culpa, a não ser pelo pai, que cheirava a suor, recém saído do trabalho, e falava de forma desanimada. O modo como passou a mão no cabelo, antes de entrar no carro, dava pra imaginar uma bagunça de papéis e telefone ligado no escritório.
  A correria até o colégio, a atenção nem toda focada no trânsito, e o excesso de velocidade. Três elementos que lembravam o dia do acidente. Era um Renault 5 vermelho escuro. O caminho estava vazio. Dylan já dormia no banco traseiro do carro. O pai aumentou o volume da música para relaxar. Dylan acorda, mas continua deitado. Os dois começam a cantar. Por alguns segundos, o pai resistia ao sono. A canção continuou tocando depois da batida. Dylan entoava o refrão sem nem abrir os olhos, mesmo depois de ter voado pela janela, enquanto seu pai tentava em vão, controlar o carro. Dylan finalmente abriu os olhos, ainda no ar, avistou gotículas de sangue que escorriam pela sua testa. Pensou em colocar a mão. O tempo era pouco, ele caiu no chão. E de repente tudo ficou escuro.



2 comentários:

Tay disse...

Oi, adorei o conto *-*
ficou muito bom.
Estou seguindo.

bjus =*

Dani Ferreira disse...

Que interessante esse texto. Pena que o final não foi tão feliz, não é? rs
Bgs :*